A Democracia Cristã na reconstrução da Europa após a segunda guerra
A segunda guerra mundial deixou um lastro de morte e destruição em vários lugares do mundo, pois ao contrário da primeira guerra mundial, não foi apenas a Europa o principal palco dos combates.
Mas, é inegável, que o continente europeu foi o que mais sofreu com o conflito por ser a região onde aconteceram as maiores batalhas.
A violência do partido nazista alemão deixou um rastro de morte e destruição por onde passou o que levou a humanidade à seguinte dúvida: “Onde estava Deus nesse momento?”.
O ateísmo-materialista estava em voga no período entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX, muitos viram que a ausência dos valores cristãos em suas sociedades foram um dos combustíveis que ajudou os partidos totalitários a conquistar o poder em nome de suas ideologias deturpadas.
Dessa maneira, de acordo com o professor Selvino Antônio Malfatti, da Universidade Federal de Santa Maria, com o fim da segunda guerra, em 1945, o retorno aos valores cristãos foi o caminho encontrado pelos países e seus novos líderes em busca da reconstrução democrática da Europa.
Várias razões explicam o sucesso político das democracias cristãs no pós-guerra.
Explica-nos o professor Malfatti que, em primeiro lugar, muitas pessoas identificadas com os valores cristãos se alistaram na resistência aos regimes fascista e nazista. Em segundo, os partidos que, à época, eram considerados como direita tradicional, desapareceram no período bélico, deixando seu vácuo político. E já em terceiro, a rejeição ao comunismo somado ao apoio expresso da Igreja Católica aos partidos cristãos foram decisivos para que esses partidos atuassem como os reconstrutores do velho continente.
Destacaram-se como lideranças em seus países Alcide De Gasperi, na Itália, Konrad Adenauer, na Alemanha e Robert Schuman, na França. Embora na França a democracia cristã tivesse sido meteórica, isto é, de rápida ascensão e queda, em outros países, como Bélgica, Holanda, Alemanha e Itália, conquistou posições políticas duradouras. Com o auge político atingido na Europa nos anos 1950 e 1960.
A década de 1950 marcou um forte crescimento econômico europeu, apoiado pelo plano americano chamado “Plano Marshall” (com empréstimo de dinheiro para a reconstrução dos países), então as democracias cristãs tiveram um novo enfrentamento.
Dessa vez era a ameaça do comunismo totalitário soviético quem ameaçava as recém-instauradas democracias nos países. Um dos símbolos mais tristes desse período foi a construção do muro de Berlim.
Alemanha do pós-segunda guerra fora divida em duas: o lado ocidental capitalista e democrático, influenciado por Estados Unidos, França e Inglaterra, e o lado oriental comunista, com influência da União Soviética.
De acordo com o professor Malfatti, para enfrentar o comunismo russo na Europa, que havia apoiado a criação de partidos comunistas em vários países, principalmente na Itália e Alemanha Ocidental, a Democracia Cristã escolhe como arma o voto. Pelo voto, o comunismo é mantido dentro dos parâmetros democráticos, e quando o comunismo foi vencido nas eleições e deixa de ser uma ameaça real ao sistema representativo e aos valores cristãos, a Democracia Cristã começa a deixar seu lado partidário e transforma-se num símbolo de valores. Nesse momento parecia que sua missão, como partido dentro de cada país europeu, estava concluída. É então que ocorre a transmutação das democracias cristãs nacionais para uma democracia cristã europeia, através do Partido Popular Europeu.
As experiências italiana e alemã com a Democracia Cristã revelou a capacidade do partido de aglutinar consensos, formar alianças e governar.