Novamente no chão da fábrica, oficina do Criador, revisando ferramentas tocado por esperanças diante de uma antiga inquietação: especialmente, em dia da República alcançada. É mesmo possível um mundo melhor para todos?
Para esse exercício faço a opção pela técnica conhecida, do coração para a razão, dado a percepção de experiências anteriores que nos leva a rever chaves conhecidas. Na presente reflexão fica marcada a poesia dos Salmos 12 e 32, que auxiliam na busca de rota para gerações sem rumo.
Volto a sentir que Deus usa a poesia na esperança de reconstituir a natureza humana ao sugerir o entrelaçar de lições antigas para reencontrar caminhos em busca da felicidade perdida.
A realidade citada acima não é juízo pessoal recente, é uma constatação progressiva nas relações sociais. Vivemos no mundo, que o reconheço como empreendimento divino entregue à gestão humana, empobrecido pela ausência de pessoas piedosas. Habitamos em um ambiente cruel, dominado pela falsidade de bajuladores, homens e mulheres de corações fingidos, uma sociedade de desumanizados que têm prazer em semear o medo e fechar os ouvidos diante do clamor nas praças, o lugar público das reivindicações àquele que tudo pode.
Essa situação é inaceitável e se torna repugnante, quando muitas vezes, ocorre sob o pesado braço da hipocrisia estendido no ombro dos famintos, para sussurrar – pode contar comigo, vamos orar! Uma linguagem atualizada para dizer que o pão que temos não dá para dividir. Zombam das pessoas velhas, dos jovens e crianças que sentem falta de amparo e proteção, sobrando-lhes o recurso do grito contra o crime quase perfeito, “Socorro, Senhor! Porque já não há criatura piedosa” [Sl. 12.1-2],
Sem fugir da revisão pessoal, trago essa pergunta, primeiro à minh’alma, quem são essas pessoas que faz tanta falta? Estamos a falar de uma espécie em acelerada extinção, a sentida ausência de criaturas com “espírito sem crime”, Sl. 32.2.
A expressão, ” meus constantes gemidos”[32.3] resume muito bem quem são esses invisíveis passageiros da agonia. Aqueles que vivem em permanente autocrítica, cujos olhos veem e o coração sente a dor incomoda de uma alma distante do outro, conduta que passo a compreender como legítima e própria do espírito republicano.
São os que se tratam por meio de súplicas [32.6], que não se calam escondidos na indiferença, pelo contrário, confessam e deixam a arrogância, a ganância e outros males que incomodam a consciência ocupada por Jesus Cristo. Piedosos são os que sabem que não podem encontrar-se com o Criador com as mãos sujas pelos maus tratos ao próximo, a quem lhe cabe amar. Em oração e serviço, ao lado, para não perder o compasso!
Saudações e compromisso da Democracia Cristã. Prof. Lindberg Morais